Liraglutide promove melhorias em indivíduos com transtornos de humor

Liraglutide promove melhorias em medidas objetivas de disfunção cognitiva em indivíduos com transtornos de humor

Transtornos de humor (isto é, transtorno depressivo maior [TDM] e transtorno bipolar [TB]) são condições altamente prevalentes, que muitas vezes seguem um curso crônico e determinando grande morbidade. A cognição é considerada um domínio central da psicopatologia tanto no TDM quanto no TB.

É relatado que aproximadamente 25% a 50% dos indivíduos com transtornos de humor exibem um déficit persistente e clinicamente relevante em um ou mais domínios da função cognitiva. Também é observado que os déficits na função cognitiva são um fator que prejudica a qualidade de vida e um mediador principal do comprometimento psicossocial.

O peptídeo do tipo glucagon 1 (GLP-1) é um hormônio incretina endógeno, que é sintetizado em células L enteroendócrinas no íleo e cólon e em regiões discretas do sistema nervoso central (SNC). A ativação da sinalização do receptor de GLP-1 (GLP-1R) promove a facilitação da utilização da glicose através do aumento da secreção de insulina e supressão do glucagon. Os receptores de GLP-1R são expressos em diversas estruturas e regiões do SNC relevantes para processos cognitivos gerais.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Determinar os efeitos do liraglutide, um agonista do receptor de GLP-1 (GLP-1R), em medidas objetivas de cognição em adultos com transtorno depressivo ou bipolar. Secundariamente, os pesquisadores procuraram explorar a relação entre mudanças na função cognitiva e mudanças no humor e parâmetros metabólicos, incluindo o modelo atualizado de resistência à insulina (HOMA2-IR).

MÉTODOS

Estudo de duração de 4 semanas, piloto, aberto e baseado em domínio (por exemplo, cognição). Foram recrutados 19 indivíduos com transtorno depressivo maior (TDM) ou transtorno bipolar (TB) e um comprometimento da função executiva, definido como um desempenho abaixo da média no Trail Making Test-B (TMTB). O liraglutide 1,8 mg / dia foi adicionado como adjuvante à farmacoterapia existente.

RESULTADOS

Os participantes tiveram aumentos significativos da linha de base para a semana 4 no escore padrão do TMTB (idade e escolaridade corrigida) (d de Cohen = 0,64, p = 0,009) e em um escore Z composto compreendendo múltiplos testes cognitivos (por exemplo, Teste de Aprendizagem Auditiva Verbal de Rey, teste de Stroop) (d de Cohen = 0,77, p <0,001). Nem as mudanças nas escalas de avaliação de humor nem os parâmetros metabólicos foram associados a mudanças no desempenho cognitivo (todos p> 0,05); no entanto, resistência inicial à insulina (RI) e índice de massa corporal (IMC) moderaram as mudanças no escore Z composto (p = 0,021 e p = 0,046, respectivamente), indicando maiores respostas em indivíduos com maior RI e IMC no início do estudo. Houve um aumento significativo na lipase (p <0,001), mas os valores individuais estavam acima do limite superior da normalidade.

Limitações: Amostra pequena, desenho aberto, falta de um grupo placebo.

CONCLUSÕES O liraglutide foi seguro e bem tolerado por uma amostra de indivíduos não diabéticos com transtornos do humor e teve efeitos benéficos nas medidas objetivas da função cognitiva. Estudos maiores com delineamentos de ensaios controlados são necessários para confirmar e ampliar os resultados aqui descritos.