Quais os riscos para a Perda de Massa Muscular e para Saúde Óssea após a Cirurgia Bariátrica?
Apesar da cirurgia bariátrica ser uma indicação para casos de obesidade grave, existem preocupações sobre a recuperação do peso, a longo prazo, e complicações como deficiências de vitaminas e minerais, perda de massa muscular, com risco de Sarcopenia, e redução da densidade mineral óssea, com aumento da chance de Osteoporose e fraturas, alertou Dr. Fernando Carrasco, Professor Titular da Faculdade de Medicina na Universidade do Chile, Diretor da Associação Chilena de Nutrição Clínica Obesidade e Metabolismo, durante sua palestra no XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia.

A cirurgia bariátrica é uma indicação quando, nos casos de obesidade grave, não foram obtidos resultados significativos na redução de peso e na melhora das comorbidades, associadas ao excesso de peso.

Seja com os procedimentos Bypass Gástrico ou Sleeve (Manga Gástrica) são esperadas reduções próximas a 70% do excesso de peso, entre o primeiro e o segundo ano pós-operatório.

Mesmo com estes resultados mais bem-sucedidos, existem preocupações sobre a recuperação do peso, a longo prazo, e complicações como deficiências de vitaminas e minerais, perda de massa muscular, com risco de Sarcopenia, e redução da densidade mineral óssea, com aumento da chance de Osteoporose e fraturas.

É sobre estes cuidados que o Dr. Fernando Carrasco, convidado do Chile, abordou em sua palestra “Risco de Sarcopenia e Osteoporose após a Cirurgia Bariátrica” durante o CBN 2024 - XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia, principal evento técnico-científico dedicado à Nutrologia, em toda a América Latina, e o maior do  mundo em Medical Nutrition, que acontecerá de 26 a 28 de setembro, em São Paulo. 

Em relação às alterações na composição corporal, diferentes estudos com métodos de referência, como o DEXA, mostram que a maior parte do peso perdido corresponde à massa gorda e que, a redução da massa magra (massa muscular) é limitada e observada, principalmente, durante o primeiro ano pós-operatório e com baixo risco de sarcopenia, a longo prazo”, detalhou o Médico Especialista em Nutrição Clínica do Adulto, Magistrado em Nutrição e Diplomado em Prescrição do Exercício, Professor Titular da Faculdade de Medicina na Universidade do Chile, Diretor da Associação Chilena de Nutrição Clínica Obesidade e Metabolismo.

Dr. Carrasco alertou que a preocupante diminuição da massa magra, durante os primeiros meses após a cirurgia bariátrica, corresponde em grande parte a uma menor quantidade de água corporal extracelular. “É por esta razão que métodos como a Bioimpedanciometria podem levar a uma superestimação da perda da massa magra e da muscular, neste período. Uma forma de prevenção, após o procedimento cirúrgico, é a maior ingestão de proteínas e a incorporação de exercícios físicos, principalmente de resistência”, ensinou.

O segundo enfoque da palestra foi sobre a saúde óssea destes pacientes. Dr. Carrasco explicou que a perda de peso está ligada à redução da densidade mineral óssea, após a cirurgia, diretamente relacionada ao menor estresse mecânico associado ao menor peso. Mas há outras causas, como a baixa ingestão e menor absorção de Cálcio com hiperparatireoidismo secundário, deficiência de vitamina D, redução dos níveis plasmáticos de grelina e aumento da adiponectina.

“A menor densidade mineral óssea se evidencia, após cirurgias com componente disabsortivo (redução na absorção dos alimentos), como o Bypass, do que naqueles restritivos, como o Sleeve, e ocorre durante o primeiro ano pós-operatório, embora alterações a longo prazo devam ser observadas, especialmente, na pós-menopausa e em idosos”, detalhou.

O especialista lembrou, ainda, que o potencial resultado desta deterioração da saúde óssea é o aumento do risco de fraturas, o que é evidente em estudos com seguimento superior a 20 anos, com maior incidência em pacientes submetidos a Bypass. “A prevenção destas complicações baseia-se no acompanhamento adequado de uma equipe multidisciplinar, na prescrição dos suplementos necessários de cálcio e vitamina D e no tratamento da Osteopenia e Osteoporose, desde as suas fases iniciais”, argumentou.