A relação entre vitaminas na gravidez e o desenvolvimento de asma na idade escolar.
Publicado em 03/08/2018
A asma é atualmente uma das cinco principais condições crônicas em crianças de 5 a 14 anos de idade. Tem sido hipotetizado que mudanças na dieta podem aumentar a suscetibilidade à asma e que exposições dietéticas no útero e durante a infância podem desempenhar um papel no desenvolvimento no início da doença na infância. Vitaminas lipossolúveis desempenham efeitos antioxidantes, atuam na função imunológica e no desenvolvimento pulmonar. Em decorrência de sua deficiência abrangente no ocidente, a vitamina D tem sido motivo de estudo. Estudos randomisados e metanálise sugerem que tanto a suplementação pré-natal de vitamina D acima do recomendado como o aumento de 25-hidroxivitamina D circulante materna podem reduzir a suscetibilidade de asma na prole. A deficiência de vitamina A é um problema de saúde pública em parte do mundo. Por outro lado, dietas ocidentais podem fornecer excesso dessa vitamina devido a alta ingestão de produtos de origem animal e de produtos fortificados. Esse dado é relevante tendo em vista que, alta ingestão de vitamina A pode potencialmente limitar os benefícios da vitamina D devido a competição de ambas vitaminas pelo mesmo receptor (receptor nuclear X). Com o objetivo de estudar a associação entre asma (na idade escolar) e: 1) ingestão materna de vitaminas A e D durante a gestação, 2) exposição infantil a suplementos nutricionais, recente estudo de cohort[Parr et al. Vitamin A and D intake in pregnancy, infant supplementation, and asthma development: the Norwegian Mother and Child Cohort. The American Journal of Clinical Nutrition, 107(5):789-98, 2018] conduzido na Noruega analisou diversas variáveis em mães e filhos. Os resultados mostraram que uma alta ingestão materna de vitamina A durante a gestação foi associada a maior frequência de asma, e que um alto consumo de vitamina D foi associado a menor frequência de asma em crianças de 7 anos de idade, independente do uso de suplementos nos primeiros 6 meses de vida. Em concordância com a hipótese de que a vitamina A antagoniza a ação da vitamina D, os autores observaram ausência do efeito da vitamina D quando a ingestão da vitamina A era alta. A suplementação infantil com vitamina D ou óleo de fígado de bacalhau não interferiu na frequência de asma em crianças em idade escolar. A quantidade de ingestão materna de vitamina A (≥2031 equivalentes de atividade de retinol/ dia), que foi associada ao aumento da frequência de asma, corresponde a 2,5 vezes maior que o valor recomendado para gestantes (800 equivalentes de atividade de retinol/dia). Enquanto que, a quantidade de ingestão materna de vitamina D (≥13,6 µg/dia), no qual foi identificado menor frequência de asma, foi próximo às recomendações nórdicas (10 µg/dia) e americanas (15 µg /dia) para gestantes. O acúmulo de vitamina A e de seus metabólitos no pulmão corresponde a um dos mecanismos mencionados pelos autores para explicar a maior frequência de asma. Os autores concluem que o balanço da ingestão da vitamina A e vitamina D durante a gestação pode ser de grande importância na susceptibilidade de asma na prole. Alta ingestão dietética de vitamina A combinada com baixa ingestão de vitamina D é vista em populações ocidentais, onde a asma infantil é comum. Este ensaio foi registrado em http://www.clinicaltrials.gov como NCT03197233. PARA LER O ESTUDO COMPLETO ACESSE https://doi.org/10.1093/ajcn/nqy016
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