Associação entre o consumo infantil de fórmula à base de soja e puberdade precoce
Publicado em 05/04/2019

Consumo de fórmula infantil à base de soja não está associado ao início precoce da puberdade

O consumo de soja e produtos à base de soja se generalizou nos últimos anos. É um alimento importante em algumas populações selecionadas, como vegetarianos e veganos. Dados recentes mostram que 12% dos lactentes alimentados com mamadeira nos EUA recebem fórmula à base de soja. Entre as crianças com alergia ao leite de vaca mediada por IgE, amamentação, fórmulas à base de soja e fórmulas hipoalergênicas (fórmulas amplamente hidrolisadas/fórmulas baseadas em aminoácidos) são as únicas opções. Os produtos de soja contêm fitoestrógenos (isoflavonas) que podem atuar como disruptores hormonais fracos devido a sua similaridade funcional aos estrogênios de mamíferos e seus metabólitos ativos.

Os lactentes que são alimentados com fórmulas à base de soja apresentaram concentrações sanguíneas de isoflavonas significativamente mais altas do que os alimentados com leite materno ou fórmulas lácteas à base de leite materno.

Nas últimas décadas, o início da puberdade vem ocorrendo em uma idade mais precoce, o que pode resultar em consequências antropométricas, psicológicas e médicas. Tem sido especulado que o consumo de produtos à base de soja na infância poderia estar contribuindo para essa tendência de puberdade precoce. No entanto, os dados da literatura são inconclusivos. Não está claro se os fitoestrogênios constatados são biologicamente ativos e pouco se sabe sobre seu impacto hormonal clínico durante o crescimento na idade escolar e o desenvolvimento puberal. Além disso, as diferenças metodológicas entre os estudos limitam a capacidade de chegar a conclusões significativas sobre esta questão.

OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo foi examinar prospectivamente a associação entre o consumo infantil de fórmula à base de soja, parâmetros de crescimento e sinais puberais precoces, em comparação com a ingestão de fórmula à base de leite de vaca.

MÉTODO

Foi realizado um estudo de caso-controle aninhado, selecionado a partir de uma coorte de lactentes acompanhados prospectivamente desde o nascimento até a idade de 3 anos para hábitos alimentares e o desenvolvimento de alergia ao leite de vaca  mediada por IgE. Os participantes que consumiram apenas fórmula à base de soja foram incluídos no grupo de soja. O grupo controle foi selecionado aleatoriamente daqueles sem IgE-positiva ao leite de vaca e que não estavam recebendo fórmula de soja. Os sujeitos do estudo foram reavaliados entre as idades de 7,8 e 10,5 anos por meio de entrevista, incluindo dados referentes à ingestão nutricional por meio de diários de 3 dias, altura, peso e sinais puberais.

RESULTADO

O grupo soja incluiu 29 participantes (17 do sexo masculino), mediana de idade de 8,92 anos IQR (8,21, 9,42). O grupo controle incluiu 60 participantes (27 do sexo masculino), mediana de idade 8,99 anos IQR (8,35, 9,42). Os grupos apresentaram altura e índice de massa corporal (IMC) comparáveis ​​(- 0,17 ± 1,08 versus - 0,16 ± 1,01, p = 0,96 e 0,67 ± 1,01 versus 0,53 ± 1,02, p = 0,56, para os grupos soja e controle, respectivamente). Quatro (três do sexo masculino e um do feminino) do grupo soja (13,8%) e oito do sexo feminino do grupo controle (13,3%) apresentaram sinais puberais precoces (p = 0,95). Não foi detectada associação entre puberdade e nutrição infantil, após controle de IMC e dados familiares. Nenhuma associação com a puberdade ou diferenças entre os grupos foi relacionada ao consumo diário atual de soja, micronutrientes, energia, carboidratos, gordura e proteína.

CONCLUSÃO

Este é o primeiro estudo prospectivo e não demonstrou associação entre o consumo infantil de fórmula à base de soja e os parâmetros de crescimento e puberdade.

Compartilhar