Correlações e resultados de estudos clínicos sobre vitamina D e microbiota intestinal
Publicado em 15/10/2022

PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES E RESULTADOS DE ESTUDOS CLÍNICOS SOBRE DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D EM MICROBIOTA DO INTESTINO HUMANO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

A obesidade representa uma doença multifatorial que causa sérios problemas de saúde pública (Luthold, 2017). Existem 2 bilhões de pessoas com sobrepeso e obesidade no mundo (OMS, 2018) e o Brasil ocupa o quinto lugar no mundo, com uma estimativa de 18 milhões de pessoas, tendendo a atingir 70 milhões de indivíduos (IBGE, 2019).

A microbiota do sistema gastrointestinal saudável apresenta cerca de 800 espécies de bactérias, e milhares desses micro-organismos convivem simbioticamente com fungos, archaea e vírus, caracterizando cada ser humano com concentração máxima no cólon (Rinninella, 2019). Essa composição é organizada em pelo menos três enterótipos dependendo de várias características, incluindo antecedentes genéticos, fenótipo imunológico, hábitos alimentares, etc (Arumugam, 2011). Nesse sentido, o microbioma humano possui cerca de 3 milhões de genes no trato gastrointestinal, correspondendo a 150 vezes mais que o genoma humano (Huttenhower, 2012). A combinação de células bacterianas e genes com células hospedeiras e genes leva ao desenho de um "superorganismo". Isso depende das interações adequadas entre a microbiota intestinal e o hospedeiro para alcançar e manter a saúde (De Filippo, 2010).

A vitamina D parece interagir com o sistema imunológico através de sua ação na regulação e diferenciação de células como linfócitos, macrófagos e células natural killer (NK) (Angelakis, 2012). Além disso, há evidências de que a vitamina D interfere na produção de citocinas in vivo e in vitro (Wu, 2011). Entre os efeitos imunomoduladores demonstrados estão a diminuição da produção de interleucina-2 (IL-2), interferongamma (INF-γ) e fator de necrose tumoral (TNF), inibição da expressão de IL-6 e inibição da produção e secreção de autoanticorpos por B -linfócitos (Tchernof, 2013).

A vitamina D desempenha um papel significativo na modulação do sistema imunológico no intestino, é possível que sua deficiência possa prejudicar a função da barreira intestinal favorecendo a translocação de endotoxinas como lipopolissacarídeos (LPS) para a circulação sanguínea (Dewulf, 2013). Os LPS são conhecidos por promover inflamação de baixo grau, o que predispõe o paciente à resistência à insulina. Numerosos biomarcadores circulantes têm sido usados ​​para avaliar a inflamação clínica e para fins de pesquisa (Dewulf, 2013 e Everard, 2013). Certas composições da microbiota intestinal (MI) têm sido associadas à inflamação sistêmica e distúrbios metabólicos.

Particularmente, bactérias gram-negativas, que contêm LPS em sua camada externa, demonstraram estimular a resposta imune e provocar endotoxemia metabólica, enquanto outros gêneros, como bifidobactérias, reduzem a endotoxemia (Everard, 2013). Apesar de ser gram-negativo, Akkermansia foi encontrado para melhorar a função da barreira intestinal e induzir efeitos metabólicos benéficos (Hemarajata, 2013).

A deficiência de vitamina D e a falta de VDR têm sido associadas à disbiose intestinal e ao aumento da suscetibilidade a doenças intestinais (Mani, 2013). Poucos estudos investigaram se o status de vitamina D contribui para distúrbios do metabolismo da glicose modulando a composição da MI (Luthold, 2017 e Arumugam, 2011). Uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes das doenças cardiometabólicas é importante em relação ao seu impacto nas taxas de mortalidade da população. Certas composições da MI têm sido associadas a inflamação sistêmica e distúrbios metabólicos. Particularmente, bactérias gram-negativas, contendo LPS em sua camada externa, demonstraram estimular a resposta imune e provocar endotoxemia metabólica, enquanto outros gêneros, como Bifidobacteria, reduzem a endotoxemia (Yun, 2017).

OBJETIVOS DO ESTUDO

Por meio de uma revisão sistemática, o presente estudo teve como objetivo investigar as principais correlações e resultados de estudos clínicos sobre vitamina D e microbiota intestinal.

METODOLOGIA

Seguindo os critérios de busca literária com a utilização dos Termos MeSH citados no item abaixo sobre “Estratégias de busca”, foram recrutados um total de 55 estudos clínicos que foram submetidos à análise de elegibilidade e, posteriormente, 27 estudos foram selecionados. A estratégia de busca foi realizada nas bases de dados PubMed, Embase, Ovid and Cochrane Library, Web of Science, ScienceDirect Journals (Elsevier), Scopus (Elsevier) e OneFile (Gale).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, existe um efeito modulador do estado da vitamina D sobre o sistema imunológico intestinal podendo influenciar na composição bacteriana comensal e vice-versa. A abundância relativamente maior de gêneros gram-negativos, como Haemophilus e Veillonella, pode ser facilitada pela baixa ingestão e/ou concentração de vitamina D. Uma proporção relativamente pequena de bactérias benéficas, como Coprococcus e Bifidobacterium, pode desencadear resposta imune e inflamação, exigindo ações como dependentes de 25 (OH) D.

Conclui-se que o papel da vitamina D na manutenção da homeostase imune parece ocorrer em parte pela interação com a microbiota intestinal. Mais estudos com o desenho adequado são desejáveis ​​para abordar a hipótese levantada no presente estudo.

Compartilhar