Estudo analisa as necessidades energéticas durante a gestação de gêmeos dicoriônicos
Publicado em 08/02/2019

Necessidades energéticas aumentam durante a gravidez de mulheres saudáveis de gêmeos dicoriônicos.

As necessidades energéticas para a gestante baseiam-se na energia depositada nos tecidos materno e fetal, e no aumento do gasto de energia atribuível ao aumento do metabolismo basal e às mudanças no gasto energético da prática de atividade física.

As gestações gemelares geralmente acarretam aumentos maiores da massa corporal (expansão do sangue, útero, placenta, fetos) e, consequentemente, maiores necessidades de energia para o acréscimo e a manutenção dos tecidos do que as gestações únicas.

Parte integrante da necessidade energética estimada da gravidez gemelar é a determinação da faixa de ganho de peso gestacional (GPG) ideal para desfechos maternos e fetais. Em 2009, o Instituto de Medicina publicou as diretrizes “provisórias” do GPG para gravidez gemelar com base em dados limitados. As diretrizes provisórias foram baseadas em interquartiles (percentis 25-75) para o GPG entre as mulheres que tiveram gêmeos com peso ao nascer ≥ 2.500 g, em média, entre 37 e 42 semanas de idade gestacional.

Estudos são conflitantes se essas diretrizes do GPG otimizam os desfechos neonatais e maternos na gestação gemelar. Evidências mostram que o GPG, dentro dos intervalos recomendados, foi associado com melhor desfecho fetal em relação ao peso ao nascer,  à idade gestacional no parto e prematuridade do que o GPG menor ou maior do que as recomendações do Instituto de Medicina.

Os objetivos foram:

1) Estimar a deposição de energia a partir de mudanças na proteína e gordura corporal materna; 2) Medir o gasto energético de repouso (REE), o nível de atividade física (PAL) e o gasto energético total (GET) ao longo da gravidez e no pós-parto; e 3) Definir a necessidade energética estimada (EER) com base na soma do GET e da deposição de energia na gestação gemelar.

Foi um estudo prospectivo estudando 20 gestantes de gemelares, que eram incluídas na 11-13 semanas de idade gestacional. A EER, o REE, o PAL, o GET e o depósito de energia foram obtidos durante o primeiro, segundo e terceiro trimestres de gestação e logo após o parto. Para análise estatística foi utilizado modelo de regressão linear com randomização.

Os autores obtiveram os resultados listados a seguir.  Entre o momento de inclusão e a 30-32 semanas de idade gestacional, observou-se ganho total de proteína corporal (2,1 ±  0,7kg) e massa gorda (5,9 +- 2,8kg), resultando num total de depósito de energia de 67,04 ± - 25,59 Kcal. O REE aumentou 26%, de 1392 ±  162 a 1752 ± 172 Kcal/dia através dos três trimestres, enquanto o GET aumentou 17%, de 2141 +- 283 a 2515 +- 337 Kcal/dia.  A prática de atividade física diminuiu drasticamente durante a gestação. A redução na prática de atividade física não compensou o aumento do REE e o depósito de energia, exigindo um aumento da ingestão calórica com a evolução da gestação. A EER aumentou 29%, de  2257 ± 325 kcal/dia no primeiro trimestre a  2941 ± 407 kcal/dia no segundo trimestre, e manteve-se constante em 2906 ± 350 kcal/dia no terceiro trimestre.

Este trabalhou, com base nos resultados, concluiu que houve um aumento da ingestão energética, em média 700 kcal/dia no segundo e terceiro trimestres, quando comparado com o primeiro trimestre. Isso é necessário para garantir o ganho de peso gestacional e o aumento no gasto de energia das gestações gemelares diadióticas dicoriônicas.

Gandhi M et al. Estimated energy requirements increase across pregnancy in healthy women with dichorionic twins. Am J Clin Nutr 2018;108:775–783.

Confira o estudo completo em https://doi.org/10.1093/ajcn/nqy184

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