Ingestão materna de vitamina D para manter a 25-hidroxivitamina D circulante no final da gestação
Publicado em 23/11/2018
Estimativa da ingestão materna de vitamina D para manter a 25-hidroxivitamina D circulante no final da gestação. Atualmente, há evidências insuficientes, baseadas em ensaios clínicos randomizados, que determinem quanto de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] é necessário para desfechos perinatais. Os valores de referência para vitamina D, que são as doses recomendadas para atingir níveis séricos de 25(OH)D entre 25 e 50 nmol/L para desfechos de saúde óssea, estão sendo utilizados para gestante e lactante. No entanto, eles não são específicos para desfecho saúde perinatal, como também não consideram as necessidades fetais e neonatais, e confiam no pressuposto de que a gravidez não aumenta a demanda metabólica de vitamina D. A deficiência endêmica de vitamina D tem sido relatada entre mulheres grávidas e recém-nascidos em todo o mundo, com grandes variações entre e dentro as regiões. Na revisão sistemática de Saraf et al. (Global summary of maternal and newborn vitamin D status—a systematic review), a prevalência global de concentrações de 25(OH)D <50 nmol /L foi de 54% entre gestantes e 75% entre os recém-nascidos, enquanto 18% das gestantes e 29% dos recém-nascidos apresentaram concentrações <25 nmol/L, um limiar relacionado com risco aumentado de raquitismo nutricional. Reconhecendo que as necessidades neonatais para a 25(OH)D são desconhecidas e a aplicação de referências adultas a recém-nascidos pode ser questionável, parece prudente assegurar a manutenção do recém-nascido circulando 25(OH)D acima do mínimo 25–30 nmol/L. Como as concentrações de cordão umbilical de 25(OH)D geralmente são de 60 a 80% dos valores maternos por ocasião do parto, a manutenção dos níveis séricos de 25(OH)D maternos >25–30 nmol/L não garante níveis neonatais adequados. Na ausência de dados suficientes, baseados em ensaios clínicos, para estabelecer os requisitos maternos para 25 (OH) D com base nos resultados perinatais, o estudo propos que, as recomendações para a vitamina D durante a gravidez devem ser estabelecidas com o objetivo de manter níveis séricos de 25(OH)D em concentrações suficientes para assegurar que as concentrações de 25(OH)D no recém-nascido sejam ≥ 25–30 nmol/L. Pesquisadores da Nova Zelândia e do Canadá propuseram que a 25(OH)D materna deveria ser mantida em torno de 50 nmol/L. Até onde se sabe, este estudo é o primeiro ensaio randomizado, dose-resposta, controlado por placebo que foi desenhado especificamente para estimar a ingestão materna de vitamina D necessária para manter níveis séricos de 25(OH)D no final da gestação em uma concentração suficiente para manter os níveis no cordão umbilical ≥25–30 nmol/L. Foram avaliadas 144 mulheres grávidas, de pele branca, alocadas para receber 10 µg (400 UI) ou 20 µg (800 UI) de vitamina D3/dia, iniciando ≤ 18 semanas de idade gestacional. Os metabólitos da vitamina D nas 14, 24 e 36 semanas de gestação e nos soros dos cordões, incluindo 25(OH)D3, 3-epi-25(OH)D3, 24,25(OH)2D3 e 25(OH)D2 foram quantificados por cromatografia líquida. Um modelo de regressão curvilínea previu a ingestão total de vitamina D (dieta e suplementação pré-natal mais dose de tratamento) que manteve a 25(OH)D materna no final da gestação em uma concentração suficiente para manter no cordão níveis de 25(OH)D em ≥ 25–30 nmol/L. A média ± DP basal de 25(OH)D foi de 54,9 ± 10,7 nmol/L. A ingestão total de vitamina D no ponto final do estudo (36 semanas de gestação) foi de 12,1 ± 8,0, 21,9 ± 5,3 e 33,7 ± 5,1 µg /d nos grupos placebo e 10µg e 20µg de vitamina D3, respectivamente; e 25(OH)D foi de 24,3 ± 5,8 e 29,2 ± 5,6 nmol/L maior nos grupos de 10 e 20 µg, respectivamente, em comparação com placebo (P <0,001). Para as concentrações maternas de 25(OH)D ≥50 nmol/L, 95% dos soros dos cordões eram ≥ 30 nmol/L e 99% eram >25 nmol/L. O consumo estimado de vitamina D necessário para manter a 25(OH)D sérica ≥ 50 nmol/L em 97,5% das mulheres foi de 28,9 µg/dia ou 1156 UI/dia. Como conclusão, os pesquisadores sugerem que 30µg de vitamina D por dia mantem de forma segura as concentrações séricas de 25(OH)D ≥50 nmol/L em quase todas as mulheres de pele branca durante a gravidez na latitude norte. Desta forma foi mantido 25(OH)D >25 nmol/L em 99% e ≥30 nmol/L em 95% dos soros do cordão umbilical. Este ensaio foi registrado em www.clinicaltrials.gov como NCT02506439. Leia o estudo completo em https://doi.org/10.1093/ajcn/nqy064
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