Liraglutide promove melhorias em indivíduos com transtornos de humor
Publicado em 08/03/2019

Liraglutide promove melhorias em medidas objetivas de disfunção cognitiva em indivíduos com transtornos de humor

Transtornos de humor (isto é, transtorno depressivo maior [TDM] e transtorno bipolar [TB]) são condições altamente prevalentes, que muitas vezes seguem um curso crônico e determinando grande morbidade. A cognição é considerada um domínio central da psicopatologia tanto no TDM quanto no TB.

É relatado que aproximadamente 25% a 50% dos indivíduos com transtornos de humor exibem um déficit persistente e clinicamente relevante em um ou mais domínios da função cognitiva. Também é observado que os déficits na função cognitiva são um fator que prejudica a qualidade de vida e um mediador principal do comprometimento psicossocial.

O peptídeo do tipo glucagon 1 (GLP-1) é um hormônio incretina endógeno, que é sintetizado em células L enteroendócrinas no íleo e cólon e em regiões discretas do sistema nervoso central (SNC). A ativação da sinalização do receptor de GLP-1 (GLP-1R) promove a facilitação da utilização da glicose através do aumento da secreção de insulina e supressão do glucagon. Os receptores de GLP-1R são expressos em diversas estruturas e regiões do SNC relevantes para processos cognitivos gerais.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Determinar os efeitos do liraglutide, um agonista do receptor de GLP-1 (GLP-1R), em medidas objetivas de cognição em adultos com transtorno depressivo ou bipolar. Secundariamente, os pesquisadores procuraram explorar a relação entre mudanças na função cognitiva e mudanças no humor e parâmetros metabólicos, incluindo o modelo atualizado de resistência à insulina (HOMA2-IR).

MÉTODOS

Estudo de duração de 4 semanas, piloto, aberto e baseado em domínio (por exemplo, cognição). Foram recrutados 19 indivíduos com transtorno depressivo maior (TDM) ou transtorno bipolar (TB) e um comprometimento da função executiva, definido como um desempenho abaixo da média no Trail Making Test-B (TMTB). O liraglutide 1,8 mg / dia foi adicionado como adjuvante à farmacoterapia existente.

RESULTADOS

Os participantes tiveram aumentos significativos da linha de base para a semana 4 no escore padrão do TMTB (idade e escolaridade corrigida) (d de Cohen = 0,64, p = 0,009) e em um escore Z composto compreendendo múltiplos testes cognitivos (por exemplo, Teste de Aprendizagem Auditiva Verbal de Rey, teste de Stroop) (d de Cohen = 0,77, p <0,001). Nem as mudanças nas escalas de avaliação de humor nem os parâmetros metabólicos foram associados a mudanças no desempenho cognitivo (todos p> 0,05); no entanto, resistência inicial à insulina (RI) e índice de massa corporal (IMC) moderaram as mudanças no escore Z composto (p = 0,021 e p = 0,046, respectivamente), indicando maiores respostas em indivíduos com maior RI e IMC no início do estudo. Houve um aumento significativo na lipase (p <0,001), mas os valores individuais estavam acima do limite superior da normalidade.

Limitações: Amostra pequena, desenho aberto, falta de um grupo placebo.

CONCLUSÕES O liraglutide foi seguro e bem tolerado por uma amostra de indivíduos não diabéticos com transtornos do humor e teve efeitos benéficos nas medidas objetivas da função cognitiva. Estudos maiores com delineamentos de ensaios controlados são necessários para confirmar e ampliar os resultados aqui descritos.

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