Relação entre vitamina D e densidade mineral óssea em idosos
Publicado em 07/06/2019

Ensaio controlado randomizado de suplementação de vitamina D em idosos para otimizar a saúde óssea

A insuficiência de vitamina D (vitD) é comum em idosos e pode levar ao aumento da reabsorção óssea e da perda óssea, comprometendo a função muscular e aumentando o risco de quedas e fraturas. Os resultados dos ensaios clínicos avaliando o efeito da suplementação de vitD na densidade mineral óssea (DMO), perda óssea, quedas e fraturas são conflitantes, apesar de uma metanálise recente de ensaios clínicos ter evidenciado uma possível relação entre a suplementação de vitD e uma maior DMO no colo do fêmur. Apesar disso, a suplementação com vitD para uma melhor saúde óssea só é recomendada naqueles indivíduos com risco de deficiência de vitD.

Internacionalmente, as diretrizes diferem em qual a concentração sérica de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] é necessária para influenciar a saúde musculoesquelética. Na Inglaterra é sugerida uma concentração de 25(OH)D >= 25mmol/L; nos Estados Unidos da América, 50 mmol/L; pela Sociedade Europeia, 75 mmol/L.

Tem sido sugerido utilizar a vitD não diariamente, para se obter maior adesão, uma vez que doses diárias não são necessárias para se manter nível sérico adequado. No entanto, um ensaio clínico avaliando dose oral anual (500000 UI) evidenciou maior risco de quedas com fraturas.

Estudos também não são homogêneos em relação a características dos participantes (idade, nível sérico de vitD prévio, presença de fragilidade), da intervenção (dose, via e frequência de administração e forma de vitD – vitD2 ou vitD3.

OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo principal deste estudo foi medir o efeito da suplementação de vitD sobre a mudança na DMO no quadril de idosos residentes na comunidade, usando a absorciometria de raio-X de dupla energia. Objetivos secundários foram avaliar os efeitos da dose de suplementação no nível sérico de 25(OH)D [25 livre (total) e calculada 25 (OH) D], do hormônio paratireoidiano (PTH) e de marcadores bioquímicos de renovação óssea;  a frequência de quedas e a presença de outros eventos adversos.

MÉTODOS

Um total de 379 adultos com idade ≥ 70 anos (48% mulheres; média de idade de 75 anos) do nordeste da Inglaterra foram alocados aleatoriamente para receber 1 de 3 doses de vitamina D3 [12.000 UI, 24.000 UI ou 48.000 UI ] mensalmente. O desfecho primário foi a mudança na DMO (ΔDMO) no quadril. Os desfechos secundários compreenderam os efeitos da dose na DMO do colo do fêmur, quedas, hormônios calciotrópicos circulantes, marcadores de remodelação óssea e eventos adversos.

RESULTADOS

A concentração média de 25(OH)D] foi de 40,0 ± 20,1 nmol/L, que aumentou após 12 meses para uma média de 25(OH)D de 55,9, 64,6 ou 79,0 nmol/L de acordo com a  dose mensal recebida, 12.000UI, 24.000UI ou 48.000 UI, respectivamente (P <0,01 para a diferença). Não houve diferença entre os grupos no ΔDMO. No entanto, as concentrações de PTH diminuíram em todos os 3 grupos, sendo significativamente maior no grupo de 48.000 UI, em comparação com o grupo de 12.000 UI (P <0,01). Não houve diferenças em quaisquer eventos adversos entre os grupos, com 3 casos de hipercalcemia, nenhum de nefrolitíase e 249 quedas observadas.

CONCLUSÕES

Não houve diferença na variação da DMO ao longo de 12 meses entre as 3 doses de vitamina D, sugerindo nenhum efeito da intervenção ou uma atenuação semelhante da diminuição prevista na DMO superior a 12 meses. O tratamento foi seguro e eficaz no aumento das concentrações plasmáticas de 25(OH)D, sem eventos adversos relacionados à dose.

Este ensaio foi registado no Registo de Ensaios Clínicos da UE (EudraCT 2011-004890-10) e no Registo ISRCTN (ISRCTN35648481).

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