Relação entre vitamina D e tempo de internação por COVID-19
Publicado em 16/10/2021

Influência do status da vitamina D no tempo de internação hospitalar e no prognóstico em pacientes hospitalizados com COVID-19 moderado a grave: um estudo de coorte prospectivo multicêntrico

Em 30 de março de 2021, 127 milhões de pessoas foram infectadas e 2,7 milhões morreram na pandemia da doença coronavírus de 2019 (COVID-19). Os preditores da gravidade do COVID-19 ainda precisam ser totalmente esclarecidos.

Demonstrou-se que a deficiência subclínica de vitamina D afeta negativamente a função do sistema imunológico e aumenta o risco de infecção grave, incluindo COVID-19. Nesse sentido, a vitamina D surge em seu reconhecido papel imunomodulador, uma vez que está envolvida na suprarregulação do sistema imunológico por meio de efeitos nas células dendríticas e T. Pode também potencializar os mecanismos antivirais nas células epiteliais por meio da produção de peptídeos antimicrobianos e autofagia, além de regular as respostas inflamatórias no sistema renina-angiotensina. Não obstante, o status insuficiente de vitamina D foi sugerido como um fator de risco potencial para doenças não transmissíveis e infecciosas, notadamente infecções agudas do trato respiratório, incluindo infecções virais por síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS- CoV-2).

Estudos recentes investigaram a possível relação entre a 25-hidroxivitamina D sérica [25 (OH) D] e a gravidade do COVID-19. Embora a deficiência de vitamina D seja comumente observada entre pacientes com COVID-19 grave, o papel preditivo do status de 25 (OH) D no prognóstico da doença permanece inconclusivo. A divergência na literatura pode ser parcialmente atribuída ao uso de diferentes definições de insuficiência ou suficiência de vitamina D e à avaliação de pacientes com diferentes gravidades da doença. Em relação a este último, há uma escassez de dados investigando o valor preditivo das concentrações de 25 (OH) D em pacientes hospitalizados com COVID-19.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Este estudo de coorte prospectivo multicêntrico teve como objetivo investigar se diferentes concentrações séricas de 25 (OH) D estão associadas ao tempo de internação e ao prognóstico (necessidade de ventilação mecânica e mortalidade) em pacientes hospitalizados com COVID-19 moderado a grave.

MÉTODOS

Pacientes com COVID-19 moderado a grave (n = 220) foram recrutados em 2 hospitais de São Paulo, Brasil. As concentrações séricas de 25 (OH) D foram categorizadas da seguinte forma: <10ng/mL, 10 a <20ng/mL, 20 a <30ng/mL e ≥30ng/mL e <10ng/mL e ≥10ng/mL. O desfecho primário foi o tempo de internação hospitalar e os desfechos secundários foram a taxa de pacientes que necessitaram de ventilação mecânica invasiva e mortalidade.

RESULTADOS

Não houve diferenças significativas no tempo de internação hospitalar quando as categorias 4 25 (OH) D foram comparadas (P = 0,120).

Pacientes exibindo 25 (OH) D <10 ng/mL mostraram uma tendência (P = 0,057) para maior tempo de internação em comparação com aqueles com 25 (OH) D ≥10ng/ mL [9,0 d (IC 95%: 6,4, 11,6 d) vs. 7,0 d (95% CI: 6,6, 7,4 d)]. Os modelos multivariáveis ​​de risco proporcional de Cox não mostraram associações significativas entre 25 (OH) D e desfechos primários ou secundários.

CONCLUSÕES

Entre os pacientes hospitalizados com COVID-19 moderado a grave, aqueles com deficiência grave de 25 (OH) D (<10 ng/mL) exibiram uma tendência de maior tempo de internação em comparação com pacientes com concentrações mais altas de 25 (OH) D. Essa associação não foi significativa no modelo de regressão multivariável de Cox. Estudos prospectivos devem testar se a correção da deficiência grave de 25 (OH) D pode melhorar o prognóstico dos pacientes com COVID-19.

Am J Clin Nutr 2021; 114: 598–604.

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