Sobreposição genética entre funções executivas e IMC na infância
Publicado em 13/12/2019

A obesidade está associada a um menor desempenho acadêmico, ressaltando sua associação com a saúde cognitiva. Funções executivas (FEs) são um conjunto de habilidades cognitivas herdáveis, fundamentais para o raciocínio complexo e o comportamento direcionado a objetivos. As FEs incluem a capacidade de iniciar, monitorar e manter comportamentos direcionados à meta. Uma associação entre IMC mais alto e FE mais baixas emergiu na literatura. A inibição tem sido o foco de muitas pesquisas relacionadas à obesidade, com alguns, mas não todos, estudos relatando pequenas associações inversas entre capacidade inibitória e status de peso. Outros domínios da FE são menos bem estudados, mas também foram relatadas diferenças entre os adolescentes com e sem obesidade quanto à atenção sustentada, capacidade de troca e memória de trabalho.

Os déficits de FE contribuem potencialmente para a obesidade e estão associados a maus resultados psicossociais compartilhados com a obesidade, como o desempenho acadêmico. Embora a relação FE-IMC pareça ser pequena (meta-analítico r entre adultos e crianças = 0,10-0,20), delinear sua natureza exata e entender por que é observado pode ser importante para a predição da obesidade, para melhorar as consequências psicossociais conhecidas da obesidade ou para aumentar os esforços de prevenção existentes.

O entendimento atual da relação FE – IMC é limitado por: 1) uso prévio de tamanhos modestos de amostras; 2) a inclusão de apenas um único domínio da FE em estudos individuais que não permitem analisar se o IMC está associado a processos específicos ou a uma capacidade mais geral da FE; e 3) falha na compreensão da etiologia de qualquer associação, com apenas 1 estudo sugerindo que influências genéticas compartilhadas estão subjacentes à associação.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Para melhorar a compreensão da natureza do relacionamento FE-IMC, contribuindo com conhecimento que possa permitir melhores previsões, intervenções e oportunidades de tratamento, o objetivo do presente estudo foi realizar um exame em larga escala da associação inversa entre IMC e FE em uma amostra de 869 crianças gêmeas, de 7 a 15 anos, que participaram do Texas Twin Project (TTP). Caracterizou-se a FE tanto em termos de seus domínios individuais, quanto em termos de habilidades comuns entre os domínios. O objetivo foi comparar a especificidade das relações FE-IMC em relação ao desempenho acadêmico e examinar a contribuição relativa das influências genéticas e ambientais para qualquer associação inversa detectada entre IMC e FE.

MÉTODOS

Foi empregada uma análise transversal de dados de 869 gêmeos de 7 a 15 anos do Texas Twin Project, que completaram uma bateria de testes neuropsicológicos medindo 4 FEs (comutação, controle inibitório, memória de trabalho e atualização); desempenho acadêmico (leitura e matemática); e habilidades cognitivas gerais (quociente de inteligência/inteligência geral; inteligência cristalizada e fluida; e velocidade de processamento). Os participantes também tiveram sua altura e peso medidos.

RESULTADOS

Após o controle por idade, sexo e raça/etnia, o IMC foi inversamente associado a um fator geral de FE, representando a capacidade de controlar e regular comportamentos orientados a objetivos (r = -0,125; P = 0,01; Q = 0,04). Essa associação inversa de IMC-FE ocorreu devido a uma sobreposição significativa de fatores genéticos que contribuem para cada fenótipo (correlação genética, rA, = -0,15; P <0,001). As influências genéticas compartilhadas foram responsáveis ​​por 80% da associação fenotípica.

CONCLUSÕES

Crianças com FE geral mais alta têm IMCs mais baixos, e essa associação é atribuível principalmente a influências genéticas compartilhadas em ambos os fenótipos. Os resultados enfatizam que maior peso associa-se não apenas a sequelas físicas, mas também a importantes atributos cognitivos. Este trabalho adiciona um crescente corpo de pesquisa sugerindo que existem conjuntos de variantes genéticas comuns na saúde física e no funcionamento cognitivo.

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