A ciência exige precisão: Carta Aberta de pesquisadores europeus questiona o uso do termo “ultraprocessado” e a validade da classificação NOVA
Publicado em 03/04/2025

A ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) vem a público destacar a relevância científica da carta aberta publicada pelos professores Hannelore Daniel (Universidade Técnica de Munique) e Thomas Henle (Universidade Técnica de Dresden), que faz uma crítica contundente à utilização indiscriminada do termo “ultraprocessado” e à classificação NOVA como ferramenta de avaliação da qualidade alimentar.

Na visão dos autores, o uso crescente desses conceitos por parte da literatura científica, muitas vezes sem o devido rigor metodológico, tem contribuído para uma narrativa alarmista e ideologizada sobre os alimentos industrializados, sem considerar aspectos essenciais como densidade nutricional, perfil metabólico, composição, segurança e acessibilidade.

A ABRAN reforça a importância de combater a desinformação sobre o processamento de alimentos, especialmente quando ela influencia decisões clínicas, políticas públicas e orientações alimentares. O processamento industrial seguro, quando bem utilizado, é uma ferramenta fundamental para:

               •             Garantir a segurança sanitária dos alimentos;

               •             Preservar nutrientes e estabilidade microbiológica;

               •             Reduzir perdas e ampliar o acesso alimentar;

               •             Formular produtos com perfis nutricionais específicos, úteis em diferentes contextos clínicos.

A carta também denuncia a falta de critérios técnicos claros na classificação dos chamados “ultraprocessados”, o que leva a inconsistências como colocar alimentos enriquecidos, balanceados e seguros na mesma categoria de risco que produtos altamente calóricos e com baixo valor nutricional — desorientando tanto profissionais de saúde quanto a população.

Como entidade científica, a ABRAN defende que as políticas nutricionais sejam baseadas em evidências sólidas, considerando o alimento em sua totalidade — ingredientes, composição, finalidade, contexto metabólico e populacional —, e não apenas seu grau de processamento industrial.

A ABRAN acredita que o caminho para uma alimentação mais saudável passa por educação nutricional qualificada, abordagem individualizada, respeito à ciência dos alimentos e combate à desinformação.

 

Mais informações:

www.abran.org.br | contato@abran.org.br

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