
Como escolhas alimentares na infância e adolescência repercutem no peso, no metabolismo e no bem-estar
Hoje, as pesquisas sobre obesidade seguem por diferentes caminhos em busca de se obter as melhores condutas e resultados para os cuidados com esses pacientes. Um dos pontos de suma relevância é que essa doença crônica e multifatorial pode começar quando ainda se é bebê, sendo influenciada pelos diversos hábitos nesta fase de desenvolvimento, no início da vida. Uma alimentação complementar oportuna, saudável, variada e responsiva, junto ao aleitamento materno, é chave para promover um crescimento adequado e reduzir o risco de obesidade.
As etapas seguintes – da infância à adolescência – são outros períodos considerados determinantes da saúde física e mental, com impactos a curto e longo prazo. O modo como os indivíduos se alimentam, nestas fases, vai além da nutrição, pois pode interferir no peso, metabolismo, saúde mental, desempenho escolar e bem-estar futuro.
Estes aspectos foram abordados pelo Prof. Dr. Luis Moreno – Professor na Universidade de Zaragoza (Espanha), Doutor em Medicina e Mestre em Nutrição Humana –, durante o CBN 2025 – XXIX Congresso Brasileiro de Nutrologia.
Em sua primeira conferência, o Prof. Dr. Moreno terá como tema “Alimentação Complementar e Obesidade”. O especialista alertou que a introdução de alimentos sólidos, durante os primeiros anos de vida, afeta significativamente o risco de obesidade. “O momento e o conteúdo são fatores cruciais na formação de hábitos alimentares de longo prazo. O sobrepeso e a obesidade na infância muitas vezes persistem na idade adulta, levando a complicações graves de saúde, como hiperglicemia, dislipidemia e hipertensão.” Lembra, ainda, que programas de prevenção precoce que educam os pais sobre alimentação responsiva e escolhas alimentares mostram-se promissores na redução do risco de obesidade. “Eles enfatizam a necessidade de considerar as percepções e motivações dos pais para intervenções eficazes”, ensinou.
Sua segunda palestra teve um direcionamento ainda mais focado: irá abordar o tema “Comportamento alimentar de crianças e adolescentes: repercussões à saúde”. Para o Prof. Dr. Moreno, existem várias formas de avaliar o comportamento alimentar. “A amamentação por mais de quatro meses foi associada a menor exigência alimentar entre os 3 e os 6 anos de idade. Já o desmame do bebê foi associado a maior apreciação da comida e menor exigência alimentar nessa mesma faixa etária”, detalhou.
Outro dado importante é que uma revisão sistemática mostrou que os comportamentos alimentares estão ligados ao consumo de alimentos. Em particular, o prazer pela comida e a reatividade alimentar apresentaram elos com maior ingestão de alimentos saudáveis e não saudáveis. “O prazer pela comida, a responsividade alimentar e a compulsão alimentar emocional foram associados a um maior escore Z do IMC – Índice de Massa Corporal – (medida acima da esperada em relação à população). Já a exigência alimentar, a subalimentação emocional, a atenção à saciedade e a lentidão ao comer foram atreladas a um menor escore Z do IMC (medida abaixo da esperada em relação à população)”, argumentou.