Dieta Cetogênica pode ser um Tratamento para Epilepsia Resistente a Medicamentos?

Dieta Cetogênica pode ser um Tratamento para Epilepsia Resistente a Medicamentos?

Cada vez mais estudos apontam novos caminhos, através da alimentação, para o tratamento de distúrbios neurológicos. A epilepsia é um deles. É incapacitante e muito mais comum do que se imagina, inclusive em crianças. Mais de 2 milhões de casos são diagnosticados anualmente. É uma enfermidade crônica que acomete 0,5 a 1% da população, sendo que 60% se iniciam na infância e 20 a 30 % desses pacientes evoluem de forma refratária ao tratamento medicamentoso, sendo resistentes aos anticonvulsivantes. E quando isso acontece são classificados como portadores de Epilepsia Refratária.

Mas como a dieta pode ajudar nesses casos? Este foi o foco da palestra da Dra. Tania Mara Perini, “Dieta Cetogênica na Epilepsia Refratária”, durante o CBN 2024 - XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia, principal evento técnico-científico dedicado à Nutrologia, em toda a América Latina, e o maior do  mundo em Medical Nutrition, que acontecerá de 26 a 28 de setembro, em São Paulo. 

“A terapia dietética cetogênica pode ser utilizada como uma opção para epilepsias quando há uma resistência aos fármacos e é indicada após o uso de 2 ou 3 medicamentos, em doses apropriadas, sem resposta clínica, e em outras doenças como tratamento primário”, explicou a Especialista em Nutrologia Pediátrica pela ABRAN/SBP/AMB/CFM e em Terapia Intensiva Pediátrica pela SBP/AMIB/AMB/CFM.

Estudos mostram que dos 30% dos pacientes que não melhoram com a farmacoterapia, 70% têm suas crises zeradas ou pelo menos uma melhora de 50%, com a Terapia Cetogênica, o que a torna uma modalidade importante para o tratamento da Epilepsia Refratária a medicamentos.

A especialista chamou a atenção para as crianças portadoras da doença. “A relevância da Dieta Cetogênica, na faixa etária pediátrica, deve-se ao fato de que 50% dos casos de epilepsia manifestam-se antes dos cinco anos de idade, tornando essa patologia a doença neurológica mais frequente da infância”. Por ser uma dieta não convencional, rica em gorduras, adequadas em proteínas e pobre no teor de carboidratos, tem o objetivo de manter os níveis de cetonas altos no sangue, que serão utilizados como fonte de energia.

“Em condições normais, o corpo usa o carboidrato como fonte energética. O objetivo desta dieta é imitar os efeitos que o jejum promove no corpo, para alcançar um efeito antiepiléptico, reduzindo o número de crises diárias. Inicialmente, é testada por 3 meses. Se nesse período ocorrer redução no número de crises, ela é continuada por pelo menos 2 anos”, explicou.

Dra. Tania Perini alertou que a dieta deve ser rigorosamente calculada, e seguida em detalhes. “Para isso, são necessários os devidos cuidados na seleção dos alimentos, manipulação da dieta, pesagem correta dos ingredientes, clareza de informações de todas as pessoas que estejam envolvidas no cuidado da criança. Existem vários tipos de Dieta Cetogênica e somente uma equipe multidisciplinar pode definir qual deverá ser o escolhido para o paciente. O nutrólogo faz parte dessa equipe e é o profissional responsável pelo controle clínico e metabólico”, detalhou.

Publicado por VS Press Comunicação

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