
Injetáveis ou Orais: qual o Futuro dos Fármacos Antiobesidade?
A obesidade registra um ritmo crescente em todo o mundo. Projeções do Global Burden of Disease (Lancet) indicam que, se nada mudar, com reformas políticas e ações urgentes, até 2050, mais da metade das pessoas com 25 anos ou mais — no mundo todo (3,8 bilhões) — e cerca de um terço de todas as crianças e jovens (746 milhões) deverão ser afetados pela doença.
Este contexto tem exigido uma busca contínua pelo desenvolvimento de fármacos, que possam tratar esta doença crônica e multifatorial e proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas com excesso de peso. Os progressos nesta área foram foco da palestra “Cagrisema, Retatrutida, Mazdutida na Obesidade: evidência farmacológica”, ministrada pelo Prof. Dr. Durval Ribas Filho - Médico Nutrólogo, Fellow da The Obesity Society – TOS (USA)e Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN)–, durante o CBN 25.
Nos últimos anos, a nova geração de agonistas peptídicos transformou o tratamento da obesidade. Além de GLP-1 (semaglutida, liraglutida), houve avanços importantes com agonistas duplos e triplos, como a tirzepatida — GIP/GLP-1; a retatrutida — GLP-1/GIP/glucagon; e a combinação cagrilintida + semaglutida — amilina + GLP-1, que mostram perdas de peso médias muito superiores às das terapias antigas em ensaios controlados.
Segundo o especialista, esta eficácia tem se ampliado, mas deve-se sempre considerar as doses, as características individuais dos obesos, suas comorbidades, duração e adesão ao tratamento. “É preciso individualizar cada conduta, para que se obtenham os resultados desejados. O acompanhamento médico é essencial, tanto para monitorar possíveis efeitos adversos, quanto para definir a melhor forma de controlá-los”.
“As projeções do mercado mundial são positivas e indicam crescimento substancial, nos próximos anos, para novos fármacos, com uma possível competição entre os injetáveis potentes (as famosas canetas emagrecedoras) e os medicamentos orais. Para os próximos 1 ou 2 anos, a expectativa é de novas aprovações de moléculas hoje em estágios avançados de ensaios clínicos. A chegada de orais, como as pílulas de GLP-1, poderá ampliar o mercado e o uso, pois a tendência é de maior adesão pela via oral, com impacto importante sobre demanda e preço.
O Prof. Dr. Durval Ribas Filho alertou que, apesar da regulamentação dos fármacos, é de suma importância a atenção sobre produtos não aprovados e até falsificados, comercializados de forma irregular e que podem colocar em risco a vida dos pacientes. Por isso, a prescrição médica é crucial.
Outra questão relevante é incorporar terapias eficazes ao rol de coberturas e políticas públicas, além de definir quem teria prioridade nesse uso, considerando critérios clínicos e duração do tratamento, por exemplo. “O desafio é dispor de fármacos capazes de cuidar desses pacientes, controlar a obesidade e proporcionar melhor qualidade de vida a todos eles”, sinalizou.