
Médicos Negligenciam os Cuidados com sua Saúde?
A agitada rotina médica leva a uma reflexão importante: será que estes profissionais, que têm como missão cuidar dos outros, reservam um tempo para olhar para si mesmos, pensando em preservar sua saúde e bem-estar?
Este foi o tema que abriu o Simpósio Medicina do Estilo de Vida, quando Dra. Nádia Haubert , médica nutróloga e Diretora da ABRAN indaga se “Médicos cuidam da própria saúde?, durante o CBN 2024 - XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia, principal evento técnico-científico dedicado à Nutrologia, em toda a América Latina, e o maior do mundo em Medical Nutrition, que aconteceu de 26 a 28 de setembro, em São Paulo.
“Nossa proposta foi alinhar componentes que poderiam trazer um pouco da expertise e conhecimento, a respeito de temas que nos induzem a uma melhoria no Estilo de Vida dos pacientes. E, este primeiro olhar, foi para o próprio profissional de saúde. Será que o médico que se cuida mais pode impactar melhor os seus pacientes no sentido de dar mais informação de qualidade, sobre melhoria do estilo de vida? A literatura médica traz que sim”, comentou a Mestre em Nutrologia pela FMRP-USP/SP, Residência Médica em Terapia Intensiva e Nutrologia na FMRP-USP/SP, Especialista em Nutrologia pela ABRAN/AMB/CFM, Professora do Curso de Medicina UniCEUB/DF
Para a especialista, antes de qualquer questionamento é preciso explorar aspectos médicos que pouco se comentam no dia a dia. O autocuidado passa por pontos relevantes, como o profissional pensar no seu propósito, no seu sacerdócio “Na verdade, é importante entender que ele precisa ter prazer, plenitude, vocação, paixão para executar a Medicina como ela deve ser feita. A grande questão é que se é educado, na Faculdade de Medicina, para nunca se sentir bom o suficiente. É o que chamamos de “Síndrome do Impostor”, uma tendência a autossabotagem, um sentimento de insuficiência de não ser bom o bastante e uma autocrítica excessiva”, alertpu.
Dra. Nádia destacou que equilíbrio é essencial. “Deve se ter persistência, que sabemos ser importante para exercer a profissão, assim como empatia, resolutividade. Mas, além disso, é imprescindível investir no autoconhecimento, na qualidade de vida, no tempo livre, na vida social e familiar, nas relações humanas dentro do trabalho, para que isso tudo dê significado para sua existência enquanto médico”.
Os riscos do não autocuidado se evidenciam ao longo da carreira e podem gerar sérios problemas. “Há prevalência da Síndrome de Burnout – um distúrbio emocional causado por uma exaustão extrema, estresse e esgotamento físico – depressão, ansiedade e até casos de suicídio, índice extremamente alto entre os profissionais médicos, grande parte causados pelas próprias características da função, da negligência ao autocuidado, de ser muito analítico e workaholic”, alertou.
“Ficar em segundo plano, frente às demandas da profissão, não é o melhor caminho. É fundamental compreender que o autocuidado não é um luxo, mas uma necessidade para se manter a saúde física e mental e poder exercer o melhor da Medicina para seus pacientes”, completou.