Quais os desafios alimentares de crianças com TEA?

Quais os desafios alimentares de crianças com TEA?

A situação atual, das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), envolve questões que vão além da condição em si. O número de diagnósticos tem aumentado e ainda persistem diversas lacunas, como o acesso a serviços médicos com atendimento adequado, as altas taxas de abandono escolar e questões sociais relacionados à exclusão, discriminação, estigma e saúde mental comprometida.

No Brasil, o Censo Demográfico 2022, divulgado em maio de 2025 pelo IBGE, registrou 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de TEA — cerca de 1,2% da população com 2 anos ou mais.

As crianças com TEA frequentemente enfrentam desafios alimentares e nutricionais específicos, como a seletividade alimentar, deficiências de micronutrientes e dificuldades gastrointestinais. Essa foi a abordagem da palestra “Aspectos Nutricionais do Transtorno de Espectro Autista”, ministrada pelo Prof. Dr. Nogueira-de-Almeida – Pós-Doutor em Clínica Médica, área de Nutrologia, pela USP; Vice-Presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo; e Diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica da ABRAN –, durante o CBN 2025.

“Os comportamentos alimentares seletivos são muito comuns, pois esses pacientes, em geral, preferem alimentos com determinadas texturas, cores ou composições que, muitas vezes, limitam a variedade da dieta”, explica o especialista.

Dentre as deficiências nutricionais, as mais recorrentes incluem vitaminas A, B1, B6, B12 e D, além de cálcio, ferro e folato (B9). Também se observa maior relação ômega-6/ômega-3 e heterogeneidade no peso corporal, contemplando tanto casos de sobrepeso/obesidade quanto de desnutrição. “Nesse contexto, a suplementação dietética pode ser útil, mas sempre em doses individualizadas e avaliadas caso a caso”. E completa: “a predisposição a desconfortos gastrointestinais e a interocepção reduzida – a capacidade do corpo de perceber os sinais internos provenientes dos órgãos e sistemas fisiológicos – geram dificuldades em identificar sinais de fome e saciedade, por exemplo. Mas as dietas alternativas, sem glúten ou caseína, ainda exigem mais estudos e permanecem sem evidência científica robusta e consenso quanto ao seu benefício geral para pessoas com TEA”, observa.

Para o Prof. Dr. Nogueira-de-Almeida, os avanços no tratamento têm vindos de várias frentes. “Hoje as terapias personalizadas e intervenções, cada vez mais precoces, sinalizam para ganhos importantes, mas sempre, qualquer conduta, deve ter direcionamentos individualizados e acompanhamento médico”, alerta.

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