Síndrome Metabólica: o que há de novo sobre riscos, diagnóstico e tratamentos

Síndrome Metabólica: o que há de novo sobre riscos, diagnóstico e tratamentos

Durante o Congresso Brasileiro de Nutrologia 2025 (CBN 2025), o Prof. Dr. Orsine Valente - Prof. Titular aposentado da UNIFESP, Prof. Emérito da Faculdade de Medicina do ABC e Diretor do Departamento de Diabetes da ABRAN - trouxe atualizações relevantes sobre a Síndrome Metabólica, suas causas, complicações e novas abordagens terapêuticas.

A Síndrome Metabólica é um conjunto de condições que, somadas, aumentam significativamente o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Entre essas condições estão a hipertensão arterial, níveis elevados de glicose no sangue (pré-diabetes ou diabetes tipo 2), excesso de gordura abdominal, alterações nos níveis de colesterol e triglicérides e, em muitos casos, inflamações crônicas, como artrite.

Segundo o especialista, a principal causa da síndrome, desconsiderando fatores genéticos, ainda é o estilo de vida inadequado, ou seja, alimentação desequilibrada e sedentarismo. “O elo entre todas essas doenças é a inflamação crônica de baixo grau, alimentada por maus hábitos e pela obesidade, principalmente a visceral”.

Destaques das aulas no CBN 2025

O professor apresentou quatro aulas durante o Congresso Brasileiro de Nutrologia, abordando temas que ampliam a compreensão da Síndrome Metabólica e suas comorbidades. 

Hipogonadismo e obesidade

Na aula sobre “Fisiopatologia do Hipogonadismo” e suas “Implicações clínicas no paciente obeso”, o especialista explicou que a gordura abdominal excessiva libera substâncias inflamatórias que prejudicam a produção de hormônios na hipófise, responsáveis por estimular os testículos. Isso leva a uma diminuição dos níveis de testosterona - uma condição chamada hipogonadismo. “É uma via hormonal alterada pela inflamação, agravando ainda mais o quadro metabólico do paciente obeso”, detalhou.

Doença hepática esteatótica metabólica (MASLD)

A MASLD, novo nome da esteatose hepática (gordura no fígado), também foi destaque. Cerca de 89% dos pacientes com essa condição são pré-diabéticos ou já têm diabetes tipo 2. O Dr. Orsine reforçou que a doença está diretamente ligada à resistência à insulina e ao risco aumentado de complicações cardíacas. “É essencial solicitar exames de imagem, como o ultrassom abdominal, e adotar medidas preventivas antes que a condição evolua para quadros mais graves”, alertou.

Tratamento do diabetes tipo 2 no paciente obeso

O tratamento do diabetes tipo 2 em pacientes com obesidade deve ir além do controle glicêmico. Segundo o especialista, é necessário tratar a causa: o excesso de peso e a inflamação crônica. “Discutimos desde estratégias para mudança de estilo de vida até o uso de novos medicamentos para obesidade, que têm mostrado eficácia também no controle da glicemia”, afirmou.

A principal mensagem do Prof. Dr. Orsine é que a Síndrome Metabólica é prevenível e tratável, mas exige uma abordagem multifatorial. Controlar a pressão arterial, corrigir o colesterol e os triglicérides, melhorar a função hepática e hormonal e, acima de tudo, combater a obesidade com mudanças no estilo de vida são os pilares para reverter esse quadro.

 

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