Transtorno de Compulsão Alimentar e Obesidade: quais os avanços no tratamento
Os Transtornos Alimentares podem afetar de forma multidimensional a qualidade de vida de qualquer pessoa — independentemente de etnia, idade ou gênero — com danos físicos, psicológicos e sociais, são diferentes e tratáveis. A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que mais de 70 milhões de pessoas no mundo tenham algum tipo de transtorno alimentar. No Brasil, cerca de 15 milhões.
É neste contexto que foi direcionada a abordagem do Dr. Fabiano Robert - Médico Nutrólogo e Docente dos cursos de Pós-Graduação da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) - na palestra “Medicamentos Antiobesidade e Lisdexanfetamina no Paciente com TCA e Obesidade: Possibilidades, Segurança e Eficácia”, durante o CBN 2025.
“A Compulsão Alimentar se caracteriza por episódios recorrentes de compulsão. Entre os principais sintomas estão a dificuldade de controlar o que e quanto se come; ingerir grandes quantidades, mesmo sem fome, se alimentar de forma mais rápido que o normal, até estar desconfortavelmente cheio; consumir alimentos sozinho, por constrangimento, e sentir-se culpado por isso”, explica o também Membro da Câmara Técnica de Nutrologia – CRMMG – e do International Colleges For Advancement of Nutrology – USA.
O Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) é o Transtorno Alimentar (TA) mais prevalente. Tem o pico de início no final da adolescência ou da idade adulta e acomete principalmente as mulheres. Pode acorrer em pacientes com peso normal, no entanto, sua incidência aumenta junto com o IMC elevado. De 15 a 30% dos que buscam tratamento para obesidade atendem a estes critérios diagnósticos.
“Sua etiologia combina fatores psicológicos, socioambientais e genéticos. Os acometidos expõem uma preocupação extrema com o peso e imagem corporal, fruto da busca por um padrão de beleza inalcançável. Manifestam ainda um comportamento de compensação, gratificação e recompensa, onde a alimentação ameniza o enfrentamento de sentimentos negativos”, detalha.
A proposta da palestra foi, justamente, apresentar algumas evidências promissoras sobre a eficácia dos medicamentos antiobesidade, em sintomas alimentares e perda de peso no TCA, associados à obesidade. “Hoje mecanismos fisiopatológicos adicionam plausibilidade neurobiológica ao seu potencial benefício, sendo considerados uma oportunidade segura e eficaz de tratamento. É essencial abordar o assunto, pois temos uma condição subdiagnosticada, com impacto multidimensional na qualidade de vida e, apesar de sua relevância, ainda se fala pouco sobre o problema, principalmente sobre sua abordagem farmacológica, como com Lisdexanfetamina”, detalhou.